Capoeira A
própria palavra já denuncia seu nascimento no campo entre grandes
movimentos de plantação de cana de açúcar. As
clareiras abertas na mata serviram de canal para a fuga dos negros em busca de
liberdade e melhor condição de vida nos quilombos. Mas há
quem diga que a capoeira é própria da cidade, onde aquela brincadeira
quase inocente das fazendas teria evoluído para a arte marcial. "Sem
dúvida, ela nasceu no meio rural com a luta pela liberdade porem a malicia
(mandinga capoeiristica) é urbana", afirma o pesquisador baiano Waldeloir
Rego, autor de um clássico sobre o assunto, ensaio sócio-etnográfico
à respeito do jogo de angola. Só não podemos afirmar
se a capoeira teve inicio em Salvador ou no Rio de Janeiro ou, provavelmente,
se fez ao mesmo tempo nas duas cidades, e ainda em Recife. Escravos
negros Os
escravos negros começaram a ser desembarcado no Brasil por volta de 1548
e, nos três séculos seguintes, seriam predominantes do tronco lingüístico
banto, do qual faz parte a língua Quimbundo. Esse grupo englobava angolas,
benguelas, Moçambique, canbindas e congos:"Eram povos de pequenos
reinos e com um razoável domínio de técnicas agrícolas
e cuja grande característica era possuir uma visão muito plástica
e imaginosa da vida, com grande capacidade de adaptação cultural",
(explica o antropólogo Oderp Serra). No Brasil, esses grupos étnicos,
antes rivais, se uniram pela escravidão formando uma cultura africana no
Brasil a qual plantou bases e tradições muito fortes na cultura
brasileira, na dança, música e técnicas de movimentos do
corpo "Não existe na historiografia recente do Brasil, nenhum dado
que possa afirmar que a capoeira é proveniente da África".
Com certeza ela foi desenvolvida por escravos no Brasil, portanto, a capoeira
é legítima e genuinamente brasileira, não podemos afirmar
com certeza, se a capoeira teve seu inicio no passado em Salvador, Rio de Janeiro
ou Recife, provavelmente, se fez ao mesmo tempo nestas cidades, sabe-se que a
capoeira realmente surgiu como "instrumentos de libertação
contra um sistema dominante predominante opressor". O homem negro na condição
de escravo era tratado como peça desse sistema dominante, os meninos negros
como moleques e as mulheres escravas com filhos como fêmeas com suas crias.
Os registros que determinam datas para seu surgimento utilizam datas que variam
entre 1578 e 1632. Dessa forma, o surgimento da capoeira se funde com a história
da resistência dos negros no Brasil. Eis porque as maiorias dos autores
que escrevem sobre a questão associam o aparecimento da capoeira ao surgimento
dos primeiros quilombos; alguns chegam a se referir especificamente ao Quilombo
de Palmares (que foi o que reuniu um número maior de pessoas, cerca de
25 a 50 mil, e foi destruído em 1694) como sendo o berço da capoeira.
No século passado, as principais cidades portuárias brasileiras,
como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, eram uns aglomerados de gente. Era
comum a figura do escravo de ganho, aquele que tinha permissão de vender
ou prestar serviços na rua e em troca dar uma porcentagem do dinheiro que
obtivesse ao seu senhor. Sem
outra coisa a oferecer senão a força física para carregar
móveis, mercadorias e dejetos, muitos fazia ponto perto do porto. Não
demorou para que esses grupos se organizassem sob a chefia de algum valente chamado
de "capitão" que era exímio em capoeira.
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| Segundo
o historiador Carlos Eugênio Líbano Soares, que examinou o
registro de prisões de escravos do século XIX, os anos entre a chegada
da família real, em 1808, e a abdicação do primeiro imperador,
em 1831, foram marcados pelo "terror da capoeira" no Rio de Janeiro.
A Bahia não ficava atrás. Salvador era um barril de pólvora,
os negros fizeram mais de trinta revoluções nesse período.
Antigos capoeiras figuram em fatos memoráveis. Mais também, diversos
atos oficiais procuram acabar com as desordens das lutas de capoeira. Uma portaria
de 16 de março de 1826 do intendente geral de polícia do Rio de
Janeiro mandou que fossem presos e imediatamente punidos com 100 açoites
os escravos encontrados jogando a capoeira. Capoeiras baianos lutaram pela
nossa independência, na boa terra de todos os santos. No Rio de Janeiro
em junho de 1828, capoeiras prestaram grande ajuda para dominar os batalhões
de mercenários alemães e irlandeses que, revoltados, colocaram a
população em pânico. A câmara municipal de São
Paulo, atendendo a uma representação do presidente da província,
Coronel de Milícias Rafael Tobias de Aguiar, aprovou, em 24 de Janeiro
de 1833, uma postura mandando que qualquer pessoa que praticasse a capoeira em
lugar público, sendo livre seria presa por três dias e pagaria multa
de um a três mil réis, sendo cativa seria presa por vinte e quatro
horas com a pena de 25 a 50 açoites. O quadro de Johan Moritz Rugendas
intitulado "jogar capoeira ou danse de la guerre", de 1835, é
considerado o primeiro registro preciso sobre a capoeira. Neste quadro dois negros
se situam em posição de luta enquanto um outro, sentado, toca um
atabaque que segura com as pernas. Outros negros, homens e mulheres, assistem
à luta (ou jogo) que se realiza. Em 10 de julho de 1843 faleceu no
Rio o Marechal Miguel Nunes Vidigal, capoeira exímio e que apareceu,
como o Major Vidigal, no livro "memórias de um sargento de milícias",
um dos clássicos da nossa literatura. Ao longo do século dezenove
a capoeira torna-se uma nítida expressão da situação
vivida pelo negro no Brasil. As mudanças ocorridas na economia e na
política do império vinham gerando um intenso processo de desescravização.
Lembremo-nos de que a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, já
havia proibido o tráfico negreiro para o Brasil. A lógica do sistema
econômico mundial e brasileiro impunha a substituição do negro
pelo trabalhador imigrante e isso gerava uma inevitável situação
de marginalidade. A capoeira floresceu dessa forma, e são inúmeros
os relatos de jornais do século passado que narram as aventuras dos capoeiras
(esse nome, até meados deste século, era utilizado para designar
o lutador; a luta era denominada capoeiragem).
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Naquela
época, a capoeira reunia não só ex-escravos e seus filhos,
mas também figuras importantes da sociedade. Aos poucos a capoeira foi
se envolvendo com a vida política e chegou a ser amplamente utilizada como
arma na luta entre as facções que se enfrentavam nos tempos do império
e nos primórdios da república, sobretudo nas cidades do Rio de Janeiro,
Salvador, Recife e São Paulo. Os capoeiras eram contratados para interferir
em comícios, tumultuar eleições e fazer a segurança
de figurões da política. Em 1864 na Bahia, grupos de capoeiras
foram desorganizados por causa da convocação para a guerra do Paraguai,
que tiveram uma participação ativa lutando contra os mercenários
(soldados estrangeiros contratados para guerra), que se rebelaram e foram rechaçados
pelos capoeiras. E após a abolição de 1888, como sabemos,
o fim do regime escravocrata não significou a aceitação imediata
da comunidade negra na vida social. Ao contrário, vários aspectos
da cultura afro-brasileira sofreram violenta repressão, como a capoeira
no Rio de Janeiro em todo o Brasil e principalmente no nordeste. Talvez o caso
da capoeira seja o mais evidente: essa forma de rebeldia, que já havia
sido utilizada como arma de luta em inúmeras fugas durante a escravidão,
tornou-se um símbolo da resistência do negro à dominação.
Assim, o Governo Republicano, instaurado em 1889, deu continuidade a essa política
e associou diretamente a capoeira à criminalidade, como consta do decreto
847 de 11 de outubro de 1890, com o título "Dos Vadios e Capoeiras":
ARTIGO 402 - Fazer nas ruas ou praças públicas exercícios
de destreza corporal conhecidos pela denominação de capoeiragem:
pena de dois a seis meses de reclusão. PARÁGRAFO ÚNICO
- É considerada circunstancia agravante pertencer o capoeira a alguma
banda ou malta. Aos chefes, ou cabeças, impor-se-á a pena em
dobro. Na capital paulista, março de 1892, alguns "morcegos"
(praças de uma polícia fardada da época ) maltrataram soldados
do exército recentemente recrutados. Doendo-se pelos companheiros,
soldados capoeiras promoveram violentos distúrbios na cidade. Por ocasião
da revolta da armada, setembro de 1893, lutaram entre si grupos de praças
capoeiras do exército e da marinha. Em 1907, surge a primeira tentativa
de instituição de uma "ginástica brasileira" com
o título "O Guia da Capoeira" cujo autor, um oficial do exército
que julgou prudente não revelar o nome pelos preconceitos então
existentes - ocultou-se sob as iniciais O.D.C. Em 1908 toda capoeiragem vibrou
com a vitória do "Moleque Círiaco" sobre o Conde Koma,
oficial superior da marinha de guerra do Japão e campeão de jiu-jitsu
considerado invencível. Ciriaco, com um violentíssimo rabo-de-arraia
na cabeça do campeão nipônico, lançou-o por cima de
duas fileiras de cadeiras, desacordando e com forte hemorragia nasal. Anos mais
tarde, um marinheiro do encouraçado São Paulo, ancorado no porto
de Nova York, envolveu-se em briga de rua e derrubou, um por um, oito vigorosos
policias conseguindo fugir para bordo do seu navio, onde declarou não ter
necessitado fazer uso da sardinha ( navalha ) para o golpe decisivo do corta-jaca
( navalha na barriga ). A luta brasileira, portanto, começou a ser
tratada como esporte nacional e surgiram os primeiros estudos sobre sua utilização
como método de defesa pessoal e ginástica. Em 1928, Annibal Burlamaqui
pública "Gymnastica Nacional" (Capoeiragem ) Methodizada e Regrada,
e em 1945, Inezil Pena Marinho, especialista em educação Física,
pública "Subsídio para o Estudo da Metodologia do Treinamento
da Capoeiragem".
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| Verdadeira
capoeira Bimba
e Pastinha são consideradas os maiores nomes da história da capoeira
em todo mundo. É importante ressaltar que a Regional gerou uma grande
polêmica no ambiente da capoeira, uma vez que muitos entenderam as inovações
de Mestre Bimba como sendo uma descaracterização das tradições
da luta. Iniciou-se, nos anos 30, um debate que dura até hoje sobre o que
é a "verdadeira capoeira" e que modificações podem
ser introduzidas sem desrespeitar os princípios e tradições
da luta. Com Mestre Bimba a capoeira começa a ganhar espaço
institucional na sociedade. O mestre teve apoio dos estudantes universitários
de Salvador que contribuíram para a sistematização de suas
idéias e para a formulação de seu método de ensino.
Bimba fundou a primeira academia de capoeira em 1932 ( Centro de Cultura
Física e Luta Regional da Bahia ), ensinou capoeira em quartéis
e chegou apresentar uma roda de capoeira para o presidente Getúlio Vargas,
em 1953.
Na história dos esforços
pelo reconhecimento Na
história dos esforços pelo reconhecimento da Capoeira como esporte
ou luta nacional de origem étnico brasileira, há um verdadeiro calendário. Em
1907, apareceu um trabalho, cujo autor se ocultou sob as iniciais O.D.C. (Ofereço,
Dedico e Consagro), intitulado O Guia da Capoeira ou Ginástica Brasileira. Em
1928, Annibal Burlamaqui assina Ginástica Nacional (Capoeiragem) Metodizada
e Regrada. Em 1932, fundação do Centro de Cultura Física
e Capoeira Regional, do Mestre Bimba. Em 1937, registro oficial do Centro de
Cultura Física e Capoeira Regional. Em 1942, foi feito um inquérito
pela Divisão de Educação Física do Ministério
da Marinha, consultando sobre os melhores elementos para a instalação
de um método de ensino da Capoeira. Em 1945, Inezil Penna Marinho lança
o livro Subsídios Para o Estudo da Metodologia do Treinamento da Capoeiragem. Em
1960, Lamartine Pereira da Costa, então oficial da Marinha, diplomado em
Educação Física pela E.E.F.E e instrutor chefe dos cursos
da Escola de Educação Física da Marinha, CEM-RJ, lança
um livro que se tornou clássico: Capoeiragem - A Arte da Defesa Pessoal
Brasileira. Em 1968, Waldeloir Rego lança o livro Capoeira Angola -
Ensaio Sócio-Etnográfico, considerado um dos mais completos sobre
Capoeira. Em 01 de janeiro de 1973, entra em vigor o Regulamento Técnico
da Capoeira, oficializando a Capoeira como o ESPORTE NACIONAL BRASILEIRO. Em
27 de outubro de 1973 é registrada varias associações de
capoeira no rio de janeiro. Em 14 de julho de 1974 é fundada a Federação
Paulista de Capoeira (FPC). Em 17 de maio de 1984 é fundada a liga de
capoeira cordel vermelho em Minas Gerais Em 20 de julho de 1984 é fundada
a Federação de Capoeira do Estado do Rio de Janeiro (FCERJ). Em
21 de abril de 1989 é fundada a Liga Niteroiense de Capoeira (LINC). Em
23 de outubro de 1992 é fundada a Confederação Brasileira
de Capoeira (CBC). Em 13 de maio de 1995 é fundada a Federação
de Capoeira Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (FCDRJ). Em 03 de junho
de 1995 é fundada a Liga Carioca de Capoeira.
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Graduação
Sistema oficial de graduação, idealizado desde 1972 O
sistema oficial de graduação, que já existe desde 1972, foi
idealizado pelos grandes mestres do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.
Tem sua fundamentação nas cores da Bandeira Nacional, estabelecida
de forma lógica, sendo a primeira cor o verde, depois o amarelo e o azul.
A cor branca só entra no nível de mestre. A relevância da
importância da fundamentação desta graduação
é que como a Capoeira é um esporte genuinamente nacional, nada mais
justo e patriótico do que estabelecer as cores nacionais para se graduar.
A idéia da regulamentação da Capoeira surgiu no II Simpósio
Sobre Capoeira, realizado em 1969, em Campo dos Afonsos - RJ, com a presença
de pessoas de renome e mestres de Capoeira, principalmente dos estados do Rio
de Janeiro, da Bahia e de São Paulo. A princípio, a proposta
do Simpósio era definir e unificar a Capoeira sem que a mesma sofresse
qualquer tipo de perda relativa às suas tradições. A
partir daí, ficou decidido que a Confederação Brasileira
de Pugilismo organizaria o projeto através de sugestões e trabalhos
de pessoas envolvidas com a Capoeira. Finalmente, em 26 de dezembro de 1972,
o Regulamento Técnico da Capoeira foi aprovado pelo Conselho Nacional de
Desportos. O texto do Regulamento Técnico foi revisto e atualizado
pela Assessoria de Capoeira da Confederação Brasileira de Pugilismo
através de inúmeros congressos técnicos, até chegar
a atual edição, que considera os seguintes itens: graduação,
vestuário e característica dos cordéis de classificação.
Regulamento Técnico oficial da Capoeira elaborado
em 26 de dezembro de 1972 Nível do aluno As
graduações do Regulamento Técnico da Capoeira de 26 de dezembro
de 1972 são as seguintes por estágios:
Nível de aluno 1º
Estágio - Cordel verde 2º Estágio - Cordel verde-amarelo 3º
Estágio - Cordel amarelo Nível
do instrutor 4º
Estágio - Cordel amarelo-azul 5º Estágio - Cordel azul (formado) 6º
Estágio - Cordel verde-amarelo-azul (Contramestre) Nível
de mestre Mestre
1º Grau - Cordel branco-verde Mestre 2º Grau - Cordel branco-amarelo Mestre
3º Grau - Cordel branco-azul Mestre 4º Grau - Cordel branco Obs
os níveis de graduação de mestre foram adotados pelo conselho
nacional de desporto da confederação brasileira de pugilismo para
melhor organização dos capoeiristas na época em que foi elaborado
Regulamentos Técnico oficial da Capoeira, ficando livre a escolha de cada
grupo referente à graduação de mestre. Nota:
A liga Brasileira da capoeira cordel vermelho tem seu sistema de graduação
com base nas dez bandeiras arvoradas em solo Brasileiro Vestuário O
vestuário do capoeirista para intervir em qualquer competição
oficial, consiste em: a) calça branca, em helanca ou brim ou
tecido similar, cuja bainha alcance o tornozelo, atada à cintura pelo cordel
indicativo da classe a que pertence o atleta. É proibido o uso de calça
de outra cor que não seja branca e bem assim o uso de cintos, bolsos, fivelas
etc.; b) o capoeirista vestirá camisa branca de malha, tendo
estampado no peito o escudo de sua entidade; c) nas competições
individuais e por equipes, o atleta deve participar das lutas sem o cordel de
classificação.
Características dos cordéis
de classificação O cordel de classificação
é confeccionado com o fio de seda chamado rabo de rato ou similar.
O seu preparo consta de um trançado de nove fios, ou seja, três grupos
de três fios. Faltando 10cm. Para as extremidades do cordel, serão
dadas três laçadas. Como acabamento e amarração,
será dado um nó em cada fio. O cordel será colocado na
calça do capoeirista, transpondo as passadeiras, de maneira que seja dado
o nó no lado direito da cintura e que fiquem pendentes as duas pontas do
cordel. Os cordéis nas cores verde, amarelo, azul e branco serão
constituídos por nove fios da mesma cor. Os cordéis verde-amarelo,
amarelo-azul, branco-verde, branco-amarelo e branco-azul serão confeccionados
com seis fios da primeira cor e três da segunda. O cordel verde-amarelo-azul
contará de três fios de cada cor.
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| HISTÓRICO
A capoeira surgiu entre os escravos como um grito de liberdade. Os negros
da África, a maioria da região de Angola, foram trazidos para o
Brasil para trabalhar nas lavouras de cana de açúcar como mão
de obra escrava. Segundo Menezes (1976), a vida dos negros trazidos da África
de maneira forçada, brutal, consistia em trabalhar de sol a sol para os
senhores portugueses que exploravam as riquezas brasileiras desde o descobrimento.
Chegando a nova terra, (os escravos) eram repartidos entre os senhores, marcados
a ferro em brasa como gado e empilhados na sua nova moradia: as prisões
infectadas das senzalas. Os colonizadores agrupavam os africanos de diferentes
tribos, com hábitos, costumes e até línguas diferentes, eliminando,
assim, o risco de rebeliões. Os negros chegavam ao Brasil, depois
de passarem dias empilhados em navios negreiros, trazendo como única bagagem
suas tradições culturais e religiosas. O negro trouxe consigo
suas danças e lutas guerreiras que de muita valia veio a se tornar para
os escravos fugitivos. Na África, mais precisamente na região
de Angola, os negros lutavam com cabeçadas e pontapés nas chamadas
"luta das zebras", disputando as meninas das suas tribos com a finalidade
de torná-las suas esposas. Na ausência de armas, os negros buscaram
nas danças guerreiras sua forma de defesa. Da necessidade de preservação
da vida, surgiu a capoeira. Tendo como mestra a mãe natureza, notando
brigas dos animais as marradas, coices, saltos e botes, utilizando-se das manifestações
culturais trazidas da África (como, por exemplo, brincadeiras, competições
etc. que lá praticavam em momentos cerimoniais e ritualísticos),
aproveitando-se dos vãos livres que aqui se abriam no interior das matas
e capoeiras, os negros criam e praticam uma luta de auto defesa para enfrentar
o inimigo. Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder
fatal da capoeira, proibindo esta e rotulando-a de "arte negra", Santos
(1998). Em 1888 foi abolida a escravatura e com isso muitos escravos
foram lançados nas cidades sem emprego e a capoeira foi um dos meios utilizados
para a sobrevivência. Alguns ex-escravos passaram a ganhar a vida fazendo
pequenas apresentações em praça pública, porém
muitos deles utilizaram a capoeira para roubar e saquear. Os marginais brancos
também aprenderam a nova luta com o convívio mais direto com os
negros e introduziram na sua prática as armas brancas. Formaram-se
verdadeiros bandos de marginais aterrorizando a população. Já
em 1890 a capoeira foi colocada fora da lei pelo Código Penal da República,
que dizia: Art. 402 - Fazer nas ruas e praças públicas exercícios
de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação capoeiragem;
andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão
corporal, promovendo tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta,
ou incutindo temor de algum mal: Pena: De prisão celular de dois meses
a seis meses. (Barbieri, 1993, p.118). Segundo Sodré (1983),
as punições aplicadas eram reclusão na ilha Fernando de Noronha
e castigos corporais, tais como chibatadas. Segundo Areias (1983),
os seus chefes foram encarcerados ou exterminados, mas a capoeiragem continuou
fazendo o seu trajeto. A capoeira se espalhou pelo Brasil, porém foi
nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco onde se encontravam os maiores
comentários entre o povo e a imprensa local. Apesar de reprimida a capoeira
continuou a ser praticada e ensinada para as gerações seguintes.
Em 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque com a conseqüente crise
do capitalismo, o Brasil viveu um momento de ebulição das forças
sociais. Com a entrada de Getúlio Vargas no governo do país,
medidas foram tomadas para angariar a simpatia popular, entre elas a liberação
de uma série de manifestações populares. Para tal, Getúlio
Vargas convidou Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba, para uma apresentação
no Palácio do Governo. Temendo a popularização da arte -
luta, Getúlio Vargas permitiu a abertura da primeira academia de capoeira,
que teria um cunho folclórico. Após essa passagem, a capoeira perdeu
suas características de luta marginal e vadiagem, visto que para freqüentar
a academia de mestre Bimba os indivíduos eram obrigados a ter carteira
de trabalho assinada. Grande parte do que se sabe hoje sobre a capoeira praticada
pelos escravos foi transmitido pelas gerações de forma oral, visto
que "... a documentação referente à época da
escravatura foi queimada por Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no governo de Deodoro
da Fonseca" (Sete 1997). Enfim, a capoeira ganhou a popularidade estimada
por Bimba, e até os dias de hoje vem reunindo adéptos pelo país.
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O
significado de capoeira Capoeiras
eram áreas semidesmatadas onde os escravos treinavam seus golpes, e provavelmente
veio daí o nome da luta. Seus golpes quase acrobáticos e com aspecto
de dança muito contribuíram para enganar os senhores de engenho,
que permitiam a prática, julgando-a como uma brincadeira dos escravos.
Segundo Areias (1983), a dança, por sua vez, representada pela ginga, servia
para disfarçar a luta dando-lhe um caráter lúdico e inofensivo.
A capoeira serviu por muitos anos como instrumento de luta dos escravos.O berimbau
e outros instrumentos As rodas de capoeira são ritmadas pelo toque de
instrumentos e pelas palmas dos capoeiristas. O berimbau, que servia para
dar rítmo ao jogo, também servia para anunciar a chegada de um feitor,
ou seja, a hora de transformar a luta em dança. O jogo da Capoeira
é acompanhado por instrumentos musicais, comandados pela figura máxima
do berimbau, o qual dá o tom e comanda o ritmo para a execução
das cantigas: Cantos Corridos ou Ladainhas. Podemos encontrar em
uma roda de capoeira, além do berimbau, pandeiro e atabaque e, menos comumente,
o agogô e o ganzá. Atualmente não se concebe uma roda de capoeira
sem o toque característico do berimbau, podendo, no entanto, os demais
instrumentos serem dispensados, afirma Menezes (197 p.14-5). O berimbau dita
o ritmo do jogo, é ele que comanda o toque a ser executado. A capoeira
apresenta diversos toques que são executados de acordo com a ocasião.
Dentre eles é destacado: Angola É
o toque de abertura, lento, onde o mestre da roda, aquele que toca o berimbau,
inicia uma ladainha - saudação e os capoeiristas ficam esperando,
ao pé do berimbau, a indicação para entrar na roda; o jogo
de Angola é lento e rasteiro, servindo para os capoeiras mostrarem flexibilidade
e malícia.
São Bento Pequeno É
o toque usado em demonstrações, onde os golpes são executados
a poucos centímetros do alvo.
São Bento Grande
É o toque para jogo violento, onde se procura atingir o outro capoeirista,
que deve estar muito atento e ter muita agilidade para não ser atingido.
Amazonas: toque usado na chegada de um mestre visitante; é o hino da Capoeira.
Cavalaria Esse
toque antes fazia parte da comunicação entre o capoeira que estava
de vigia e os que estavam jogando, indicando a chegada da polícia.
Iuna É
o toque que procura imitar o canto dessa ave; é usado para o jogo entre
mestres de capoeira, ou então, no enterro de um deles.
Santa Maria Toque
fatalista, para jogo com navalha na mão ou no pé.
Benguela É
o mais lento toque de capoeira regional, usado para acalmar os ânimos dos
jogadores quando o combate aperta.
Idalina Toque para jogo de faca. Barravento Toque
para jogo rápido, que exige grande velocidade de reação.
Cantos Durante
a roda são entoadas cantigas que, segundo Areias (1983), se dividem em
dois tipos: cantos corridos e ladainhas. A diferença entre o canto
corrido e a ladainha está no fato de, na ladainha, sempre contar-se uma
história, geralmente sem a resposta ou interferência do coro, que
participa apenas no momento que o cantador acaba a história e entre no
canto de entrada dizendo "iê vamos simbora/ iê é hora
é hora" e assim por diante, até chegar na expressão
"dá volta ao mundo". Já no canto corrido, o cantador não
tem a preocupação de contar nenhuma história, as frases são
ditas aleatoriamente, falando de assuntos diversos, e a participação
do coro é imediata e necessária desde o seu início. Durante
a roda, os capoeiristas, que ficam de pé formando a roda, acompanham a
cantoria com palmas. A única exceção são as rodas
de Angola, onde os capoeiristas ficam sentados e não batem palmas, só
começando a cantar quando acaba a ladainha.
Várias concepções
da capoeira A
capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o educando busque
a sua identificação em quaisquer dessas enumerações
que veremos a seguir. Caberá ao docente um papel relevante orientando
e estimulando para que o discente possa aproveitar ao máximo toda a sua
potencialidade. a capoeira pode ser praticada vivida das seguintes maneiras:
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| Capoeira
Luta Representa
a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais
natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro. Deverá
ser ministrada com o objetivo de combate e defesa.
Capoeira Dança e Arte A
Arte se faz presente através da música, ritmo, canto, instrumento,
expressão corporal e criatividade de movimentos. É também
um riquíssimo tema para as artes plásticas, literárias e
cênicas. Na Dança, as aulas deverão ser dirigidas no sentido
de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade,
destreza, equilíbrio e coordenação motora, indo em busca
da coreografia a da satisfação pessoal.
Capoeira Folclore É
uma expressão popular que faz parte da cultura brasileira, e que deve ser
preservada, promovendo a participação dos alunos, tanto na parte
prática, como na teórica.
Capoeira Esporte
Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo conselho nacional
de desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para competição,
estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos.
Capoeira Educação Apresenta-se
como um elemento importantíssimo para a formação integral
do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando
nas mudanças de comportamento. Proporciona ainda um auto conhecimento e
uma análise crítica das suas potencialidades e limites.
Capoeira Lazer Funciona
como prática não formal, através das "rodas" espontâneas,
realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo
e etc, onde há uma troca cultural entre os participantes.
Capoeira Filosofia Entre
muitos fundamentos, trás uma filosofia de vida que prega o respeito ao
próximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior
de sabedoria. Muitos são os adéptos que se engajam de corpo e alma
criando dessa forma uma filosofia de vida, tendo a capoeira como símbolo
e até mesmo usando-a para a sua sobrevivência.
Capoeira Terapia O
esporte exerce um papel fundamental no desenvolvimento somático e funcional
de todo indivíduo. Para o portador de deficiência, respeitando-se
as suas limitações e capacidades, o esporte tem importância
inquestionável. A capoeira vem tendo destaque muito grande, não
só como esporte, mas, no caso dos portadores de deficiência, ela
atua, verdadeiramente, como terapia. Considerando sempre as etapas mentais, cronológicas
e motoras do indivíduo, propicia um desenvolvimento orgânico mais
satisfatório, melhora o tônus muscular, permite maior agilidade,
flexibilidade e ampliação dos movimentos. Auxilia o ajuste postural,
bem como o esquema corporal, a coordenação dinâmica e, ainda,
desenvolve a agilidade e força. Vale ressaltar que a capoeira proporciona
a liberação de sentimentos como a agressividade e o medo, levando
o ser humano a adquirir uma condição física mais satisfatória
e um comportamento mais socializado.
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A
Capoeira hoje Capoeira
nas Academias a capoeira, antes treinada livremente pelos escravos, é agora
treinada dentro das academias. A passagem dos campos de mata aberta para as
salas das academias não foi a única modificação sofrida
pela arte. Com a entrada da capoeira nas academias, algumas modificações
ocorreram na capoeira dos escravos do engenho. Além de lugar fixo para
o treinamento, foram implantados também horários para tal. Foi padronizado
um uniforme que consiste em calça branca (representando as calças
de saco que os negros usavam para a lida) e um cordel que deve ser amarrada no
lado direito cintura da calça. Alguns grupos que praticam a capoeira
Angola utilizam-se de calça preta. Os
capoeiras, ou capoeiristas, agora se dividem em grupos que carregam um nome que
normalmente representa a escravidão. Comumente, os capoeiristas representam
o grupo, ao qual participam, com o símbolo gravado na calça. Esses
grupos ou associações tem por objetivo expandir a arte da capoeira
pelo país, alguns chegando até a levar a nossa arte para o exterior.
A maioria dos grupos de capoeira convivem pacificamente, apesar de cada um
interpretar a capoeira de uma maneira diferente (alguns trabalham a capoeira numa
visão mais folclórica, outros a entendem mais como luta, uns dão
maior ênfase a parte esportiva, outros valorizam principalmente a educação
pela capoeira). Como prova do convívio de amizade entre os grupos,
são realizados periodicamente encontros, que se reúnem com a finalidade
de compartilhar conhecimentos.
Graduação e o Batizado Nos
tempos modernos, os capoeiras são graduados de acordo com os seus conhecimentos
e com o tempo de prática na capoeira. Cada graduação
é representada por uma cor no cordel, que é amarrado na calça
do capoeirista do lado direito. Cada grupo designa um conjunto de cores que
irá representar as graduações. Os indivíduos entram
para as aulas de capoeira, em seguida, começam um treinamento. Nesse período
inicial eles são chamados de "pagãos", ou seja, eles não
foram ainda batizados. O batizado de capoeira representa o momento em que
os indivíduos recebem a sua primeira graduação pelo grupo.
Nesse dia eles deixam de ser pagãos, pois durante esse evento é
costume entre os grupos dar um apelido ao capoeirista. O apelido é
uma tradição desde os tempos que a capoeira era considerada uma
arte marginal e os capoeiristas eram obrigados a usar codinomes para não
serem identificados, mediante isto, serem presos pela polícia. O dia
do batizado é um dia de grande importância para os capoeiristas,
posto que, nesse dia realiza-se uma festa em que os novos capoeiras são
apresentados à comunidade capoeiristica, joga com outras pessoas e desfrutam
da oportunidade de até conhecerem os mestres mais antigos. |
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| Capoeira
x Violência O
jogo de capoeira não possui mais características violentas, perdeu
seu objetivo principal do tempo da escravidão, que era a luta pela liberdade.
Numa roda de capoeira um jogador não tem como finalidade acertar, ferir,
lesionar ou matar o outro jogador. O jogo de capoeira não passa de uma
representação, simbolismo esportivo. Na realidade eles, os capoeiristas,
são companheiros que querem brincar de capoeira, recrear. Eventualmente
acontecem quedas, que são interpretadas como descuido por parte de quem
caiu. Importante ressaltar que o jogo, só atribui este valor recreativo
dentro das academias, ou seja, em seus próprios grupos. Em se tratando
de rodas informais, jogos que acontecem em parques, ruas, praias, a capoeira às
vezes, perde o seu atributo de lazer e encarna o seu valor de capoeira - Luta.
Rodas Os
capoeiristas se cumprimentam todas as vezes que entram ou saem de uma roda como
sinal de respeito pelo companheiro. Fazem uma reverência também
ao berimbau, pedindo e agradecendo proteção aos céus. Acontece
também um outro tipo de encontro de capoeiristas chamado "roda de
rua". Essas manifestações ocorrem livremente em praças,
ruas e praias. As rodas de rua são gerenciadas por qualquer capoeirista,
independendo da graduação que ele carrega, e são abertas
para qualquer um que queira participar. Normalmente essas rodas são
pacíficas, mas como elas são abertas para o público, alguns
capoeiristas acabam querendo resolver suas rixas com outros capoeiristas nessas
rodas, a fim de demonstrar superioridade sobre qualquer aspecto. Para iniciar
o jogo da capoeira, os capoeiristas dirigem-se para onde estão os instrumentistas
e agacham-se ao pé do berimbau "afirma Areias (1983 p.96). Durante
a roda, que é comandada por instrumentos como o berimbau, o pandeiro e
o atabaque, são entoadas cantigas que tem seu refrão repetido por
todos os participantes da roda. Quem define as músicas e dita a velocidade
do jogo é o tocador de berimbau. O ritmo começa lento e termina
rápido, onde só os capoeiristas mais graduados devem jogar". Depois
da roda, alguns capoeiristas optam por fazer exercícios de força,
como abdominais, flexões de braço ou elevação em barra
fixa. Outros treinam saltos acrobáticos, ou treinam golpes atingindo sacos
de areia. |
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A
aula As
aulas de capoeira são realizadas em salões abertos que podem ser
espelhados ou não, o que facilita aos capoeiristas a observação
de sua performance. As aulas são normalmente ministradas por capoeiristas
de graduações elevadas, superiores, a maioria deles sem nenhuma
formação acadêmica em Educação Física.
"Existem vários métodos de ensino, e cada professor, cada academia,
cada grupo alardeia que o seu é genuinamente original, é o melhor"
(Capoeira, 1992, p.147). Freqüentemente os capoeiristas acabam ministrando
aulas exatamente iguais aos que seus mestres ministram. Na verdade, de uma forma
ou de outra, todos se baseiam na "seqüência" e na "cintura
desprezada" criadas por mestre Bimba, adicionados aos treinos sistemáticos
e repetitivos entre duplas introduzidas pelo Grupo Senzala na década de
1960. Mesmo os que praticam e ensinam a capoeira angola, que originalmente não
tinha métodos de ensino, utiliza variações adaptadas desses
elementos didáticos.
Capoeira Angola Corresponde
a capoeira original dos escravos. Geralmente encontra-se nas academias um programa
de treinamento de duas ou três aulas semanais, chegando a ser encontrada
nas academias sede de alguns grupos, treinamentos de segunda a sábado. A
duração da aula varia entre quarenta e cinco minutos a uma hora
e meia. As aulas são divididas em quatro blocos: aquecimento; treino de
golpes, quedas e movimentações individualmente; treinamento de seqüências
em dupla; roda de capoeira. O aquecimento freqüentemente começa
com uma corrida, seguida de seqüências de movimentos calistênicos
e um alongamento. "Se alguém quiser aproveitar para malhar uma abdominal,
uma abertura, um alongamento ou exercícios de elasticidade, tudo bem, mas
não é esse o objetivo" (Capoeira, 1992, p.146). Depois
do aquecimento, o segundo bloco da aula corresponde ao treinamento dos golpes
individualmente. As aulas começam com os movimentos mais simples, passando
para os mais complexos e, posteriormente, para a combinação dos
movimentos sequenciados. Esses movimentos compreendem os golpes, as esquivas e
as quedas.
O professor indica e executa o golpe ou a seqüência de golpes e os
alunos os executam repetidas vezes e para ambos os lados. Durante a execução
dos movimentos os alunos são observados e corrigidos pelo professor. Nos
salões com espelhos os alunos podem observar a execução dos
seus movimentos. O terceiro bloco da aula corresponde ao treinamento das
seqüências em dupla.. Nesta parte da aula os capoeiristas se encontram
sujeitos a receberem os golpes dos companheiros, porém o risco é
menor do que durante o jogo. O treino em dupla se dá em forma de seqüências
coordenadas. O professor dita exatamente o que deve ser feito e os alunos
executam. Para os iniciantes, o professor apresenta uma seqüência de
um golpe e uma esquiva; um dos capoeiristas executa um golpe enquanto o outro
esquiva. Com o tempo de prática essa seqüência aumenta em
número e variações de golpes, associados a floreios e saltos.
O jogo da capoeira é o momento que o capoeirista apresenta o que ele
aprendeu durante a prática. Além de executar os golpes num jogo
com um companheiro, entra em jogo um elemento novo, a surpresa. Não
se sabe o que o outro capoeira vai fazer, os golpes já não são
mais ditados pelo professor, por isso o capoeirista deve estar preparado e atento
no jogo do outro para não ser atingido ".
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